Esse talvez seja
o post mais difícil e mais longo que vou escrever. Fiquei pensando por muito
tempo (diria 3 anos) se deveria ou não escrevê-lo, afinal, vou abrir minha vida, expor algo muito ruim que vivi e que poucos sabem, mas alguns meses atrás,
conversando com algumas meninas no grupo de WhatsApp eu acabei contando o que me aconteceu há muitos anos atrás e elas me disseram que eu deveria ter escrito isso no blog há
muito tempo, para que inspire, alerte e até conforte outras mulheres que também
tenham passado por isso.
Então prepare-se para fortes emoções e vem comigo!
“Minha história numa relação abusiva”
Tem sido cada vez mais frequente os casos de feminicídios, fico inconformada como as mulheres tem se submetido cada vez mais a relacionamentos abusivos mesmo com tantos casos, inclusive na mídia e por isso decidi
contar para vocês o que aconteceu comigo, porque quero que fiquem atentas e jamais se calem.
ESTE POST CONTÉM FATOS PESSOAIS E REAIS
Conheci um rapaz
na empresa onde eu trabalhava. Depois de
um ano começamos a sair, namorar e de repente estava noiva. Começamos a ir
atrás de coisas para a nossa "nova" casa. A família dele era um amor.
Minha família não aceitava muito bem o relacionamento, ele 5 anos mais velho,
formado e eu ainda uma menina, 18 anos.
Estava tão empolgada, achava tudo maravilhoso, tão perfeito que nem percebi como ele me afastou dos meus amigos, não gostava que eu falasse sozinha com a minha mãe (sim com a minha mãe), e me fazia faltar na escola, tanto que reprovei por falta – antes, nunca tinha reprovado um ano na vida, mas, é o amor né? O amor (nos cega) é cego né?
Um sábado ele teve que ir trabalhar pois estava com um projeto atrasado, eu fiquei em casa arrumando nossas coisas para irmos passar o final de semana na casa do irmão dele. Ele me ligou e disse que iria me buscar às 15h pra eu ficar pronta. Ok, lá estava eu ansiosa para ver o meu amor e irmos passear.
Quando ele chegou, me perguntou onde estavam as coisas dele, eu falei que estavam na mochila, junto com as minhas, ele gritou e começou a pegar todas as roupas dele que estavam no "nosso" armário e me disse: “Acabou!”. Eu olhei, dei risada e perguntei que brincadeira era aquela, ele disse que nosso relacionamento tinha acabado, pedi para ele parar porque o irmão dele estava nos esperando para jantar. Ele me empurrou com muita força, fiquei muito assustada olhando pra ele, e perguntei o que tinha dado nele, por que estava tão estranho. Ele puxou meu cabelo com muita força e me deu um murro no nariz. Fiquei tonta por alguns instantes e o sangue começou a escorrer...
Tentei abraçá-lo para tentar entender por que ele estava fazendo aquilo, mas ele pegou de novo no meu cabelo me fazendo agachar e começou a fazer com que meu joelho batesse no chão várias vezes. Então, consegui dar uma mordida no peito dele para me defender, para que pelo menos ele parasse de fazer aquilo porque eu estava sentindo muita dor. Ele pegou de novo no meu cabelo com muita força e deu outro murro, só que dessa vez no meu queixo e foi embora....
Eu fiquei alguns instantes caída, com tontura forte, mas com tanta dor no joelho que achei que nunca mais fosse andar. Me arrastei até meu quarto, consegui pegar o telefone e ligar para o meu irmão. Quando ele atendeu, eu disse que estava precisando muito de ajuda, que eu tinha "caído" no prédio e tinha machucado meu joelho, mas que não estava conseguindo andar e precisava muito de gelo. Ele disse que sabia que era mentira, pois meu "noivo" tinha ligado pra ele e dito que tínhamos brigado e que EU havia batido nele. Então, minha cunhada na época (hoje, minha amiga) foi me ver....
Quando chegou, ela me olhou e começou a chorar. Eu só falei: “Por favor, coloca gelo no meu joelho! Estou com tanta dor, acho que não vou mais andar!”. Ela já estava chorando e me disse: “Você vai para o hospital agora porque seu rosto está deformado...” Quando chegamos no hospital, já me colocaram numa cadeira de rodas. Eu lembro que estava com muita dor de cabeça e com a visão embaçada, achava que era de tanto chorar., mas não, era porque meu maxilar tinha saído do lugar...
O maior erro da minha vida cometi quando o médico me perguntou o que tinha acontecido, eu disse: foi assalto (me
julguem!). Fiz isso porque eu sabia que se tivesse falado a verdade, eles iam
prendê-lo, e como eu podia permitir isso com alguém com quem eu ia me
"casar"?
Eu pensava: Meu Deus, tudo que planejamos não vai mais acontecer? Tudo que compramos foi pra nada? E a aliança, o que que eu faço agora? Claro, que depois que a ficha caiu me dei conta, casar? Casar com um monstro desses? Ele vai é me matar!
Eu sei que não é fácil falar sobre isso e digo por experiência própria que as mulheres não denunciam por medo, insegurança, por não ter amor próprio e porque acreditam que aquela relação ainda pode dar certo e não gente, não vai dar, tenha certeza disso, fez uma vez vai fazer outras e outras... O respeito quando acaba, não tem conserto, jamais será recuperado!
Sim, o coração fica em pedaços, você acha que nunca mais vai confiar, amar, nem se entregar à ninguém, mas nada melhor que o tempo... o tempo cura tudo (ou quase tudo risos)! O importante é você "se" dar esse tempo, tirar o tempo que chamamos de luto.
Hoje falo sobre isso numa boa, óbvio que fico com lágrimas nos olhos e com dor no coração de lembrar das cenas de horror que vivi, não foi fácil... Eu sofri muito, chorei, me tranquei no quarto por vários dias, tive raiva, cheguei a me culpar e até sentir muita vergonha de ter passado por isso, mas superei e hoje sou uma mulher muito mais forte.
Acredito que existem coisas que não tem explicação e a gente passa para levantar com mais garra, com mais vontade de viver e nunca mais permitir que um homem (ou quem quer que seja), sequer levante a voz, muito menos a mão pra gente.
Eu sei que dói, ô, e como sei, passei anos achando que jamais poderia ter alguém que realmente me amasse de verdade ou que pudesse cuidar de mim sem querer me bater, fiquei insegura, mas aprendi,(infelizmente com a dor) que sim, eu posso ser feliz sozinha, sem precisar ter alguém, sem depender do outro sabe? Primeiro tenho que gostar de mim, me conhecer, para depois amar o outro, ai sim eu posso me dar uma nova oportunidade...
Não se feche, seja gentil com você, você merece ser feliz e por mais que neste momento você não acredite, ainda existem pessoas legais, cheias de carinho querendo uma companhia como a sua, se dê uma nova chance, você merece escrever uma nova história!
Disque 180 Central de Atendimento á Mulher
Disque 190 Policia
Gritem, mas não se calem!
Beijokas
*Créditos: imagens retiradas do site Pixabay
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